Burrice
Com os primeiros raios de sol e a brancura das imensas salinas, muito sal ensacado à espera de transporte.
Algumas sacas de sal em cima do lombo de um burro cauteloso para serem levadas à refinaria. O trajeto era muito longo, não importava, pois seguiria com toda cautela possível. O burrinho caminhou, caminhou…
No lado extremo, bem distante, só se via a alvura das plantações de algodão, também colhido e já embalado para ser transportado por outro burrinho, que se dizia esperto, e precisava conduzir a carga para uma usina de beneficiamento.
O burrinho caminhou bastante até que encontrou o burrinho que carregava as sacas de sal.
Os dois não conheciam exatamente o caminho para a refinaria e a usina que imaginavam serem próximas. Caminhavam juntos.
O burrinho com carga de sal disse:
– Sejamos cautelosos, pois as estradas são extremamente perigosas.
O outro replicou:
– Que nada! Isso é tolice! Não vejo perigo algum, basta seguirmos o rastro dos que passaram por aqui. É muito simples!
– Nem sempre é assim, onde um passa, nem sempre o outro consegue.
– Que burrice!!!
Os dois continuaram a caminhada: um atento ao caminho observando e analisando tudo enquanto o outro só brincava.
Cruzaram estradas com plantações de leguminosas: feijão roxinho, preto, branco, feijões brotando…, ervilha, lentilha de cores variadas…
Caminharam mais e bem longe encontraram árvores que frutificavam oleaginosas de diversos formatos, cores e sabores.
Todos os caminhos levaram a um rio caudaloso e aparentemente profundo. Havia uma ponte, que estava parcialmente destruída, não tinha como usá-la.
O burrinho com o algodão que não estava nem aí falou:
– Basta seguir, tem rastro do outro lado, é sinal que passaram por aqui.
O outro pensou muito e resolveu enfrentar a correnteza, pois o que carregava poderia diluir na água ficando menos pesado, assim conseguiria passar a outra margem do rio. Assim foi feito.
Já o burrinho com carga de algodão disse sem pensar:
– Se ele passou, basta segui-lo.
Só que a sua carga era algodão. À medida que a água encharcava os rolos de algodão, tudo ficava mais e mais pesado. O animal deveria ter pensado melhor e verificado que não daria certo. A carga ficou pesada demais que nem conseguiu voltar à superfície.
Já na outra margem o burrinho do sal olhava tristonho sem ver o amigo que imitava tudo e todos sem raciocinar, submergir.
Aborrecido, precisou seguir seu caminho, agora sozinho, mas muito, muito mais atento.
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