A Lebre e a Tartaruga em versos
Beth Cury
Lebre e tartaruga:
uma – tzzziiiiii….
passa como um raio,
em velocidade arrebenta.
A outra
passo a passo, lenta.
Animais,
viviam todos por ali
– uma cidade pacata
até essa data.
O que se sabe é isto:
animais, vários,
todos conhecidos entre si,
mas… um certo descontentamento –
era um certo ar zombeteiro
da lebre
cheia de si
pela rapidez
– a mais veloz.
No mesmo cenário
outra descontente:
a tartaruga
cansada de ouvir coisas assim:
“… lenta como uma tartaruga!”
– Estão é mangando de mim!
Chego a sentir amargura.
Ora, todos têm qualidades.
Vão ver só se não é verdade.
Pensou:
“Corrida curta eu não ganho,
mas numa maratona,
eu acho,
dou um banho.
Desafiou, então, a lebre.
Marcaram lugar e hora
Chamaram os companheiros
que atenderam sem demora.
Na hora marcada estavam lá:
amigos coelhos e tartarugas amigas,
porquinho,
gato e cachorro,
galinha,
leão e ratinho,
até mesmo formigas.
Lebre e tartaruga a postos,
curiosidade nos rostos,
a raposa como juiz.
De bandeira em punho
deu a largada tão esperada.
Enquanto a tartaruga levantava uma pata
a lebre já lá longe, em disparada.
Mas, a desafiante
seguiu em frente
confiante
pa-sso-a-pa-sso
a seu modo, o de sempre.
Cada vez mais, a lebre distante,
a tartaruga devagar e sempre.
Lá longe a lebre
leve
parou pra um papo com uma coelha.
Conversava e comia cenouras.
Tanto comeu que cansou
e adormeceu.
A coelha foi embora
sem ter mais com quem falar.
De tão despreocupada, a lebre descansou.
A tartaruga
sempre tão lá atrás
passou pela lebre, certa hora:
– Como ela dorme!
Ela, a tartaruga atravessara
plantações e plantações
alfaces apetitosas,
mas a tudo resistira.
Não parou pra comer.
Marchava em frente
persistente.
A linha de chegada à vista.
A bicharada alvoroçada.
Com os gritos
a lebre acordou.
Nem sabia onde estava
até que se lembrou.
Uma sacudida
e saiu em disparada.
Mas era tarde!
Len-ta-men-te-a-tar-ta-ru-ga-che-gou!
Exausta, de língua de fora,
a tartaruga chegava.
A-TAR-TA-RU-GA-CHE-GA-VA-LÁ!
À última hora
a lebre tentou
mas não deu mais,
não chegou.
O que se pode dizer da tartaruga?
A persistência deu a ela a vitória,
que glória!
Da lebre?
Ela não mais se acha a velocista
insuperável na pista, a maioral.
Não zomba mais de ninguém,
afinal.