A Literatura para criança
A Literatura propicia conhecimento da cultura, do mundo, do ser e de si mesmo. Para todo esse discernimento ser bem aproveitado, esses textos precisam ser selecionados e adequados às diferentes etapas do desenvolvimento infantil.
Esse papel não é só da escola, é também da família. Todos devemos estar atentos ao que deixamos os pequenos lerem, para assim criar um hábito primordial nas crianças: o gosto pela leitura.
Segundo a Nelly Novaes Coelho, é fundamental seguir alguns “princípios orientadores” para facilitar a escolha de leituras adequadas a cada categoria de leitor. Segunda a doutora em Literatura Infantil, temos as seguintes categorias: pré-leitor, leitor iniciante, leitor em processo, leitor fluente e leitor crítico.
Pré-leitor que está dividido em duas fases: a primeira fase que abrange crianças até os 3 anos e a segunda fase dos 4 aos 5 anos.
Na primeira fase do pré-leitor (até os 3 anos), a criança começa a reconhecer tudo que a cerca, principalmente pelo tato. Ela quer pegar tudo e fazer seu próprio reconhecimento. É o momento em que está se apropriando da linguagem e começa a nomear tudo a sua volta.
Os livros precisam ter gravuras de animais e objetos familiares à criança. O material desses livros deverá ser bem resistente e agradável ao tato (tecido, papelão grosso, plástico…). Os livros devem se misturar aos brinquedos como algo bem natural, até o livro de banho. É fundamental a presença do adulto nomeando os objetos, os brinquedos, as figuras, para que a criança se aproprie dos elementos e de pequenas historinhas contadas para elas.
Na segunda fase do pré-leitor (4 e 5 anos), é o começo do momento egocêntrico. Para que se desenvolvam com mais autonomia na linguagem, é essencial que o adulto brinque com a criança e o livro, sempre focalizando as vivências no dia a dia do universo infantil. Incentive-os com as cantigas, as parlendas, os trava-línguas simples…, tudo para aprimorar a linguagem.
Nos livros dessa fase, deve predominar a imagem. Se houver texto, precisa ser bem curto e ser lido ou dramatizado por um adulto, assim a criança perceberá a relação do mundo em que ela vive ao universo das palavras. As imagens devem ser atraentes e significativas sempre envolvendo um acontecimento simples. A repetição pode ser um elemento favorável para a assimilação e a memorização da história, portanto os contos pequenos, cumulativos são muito apreciados nessa fase. Nesse período, as habilidades manuais precisam ser estimuladas com diversas atividades lúdicas. É a fase em que a criança passa a recontar a história.
Leitor iniciante (6 e 7 anos) Fase de alfabetização em que a criança se apropria definitivamente da leitura. O adulto precisa continuar estimulando o hábito da leitura, para a criança associar a linguagem e a vivência que se tem de mundo, aumentando a função de conhecimento.
A imagem deve prevalecer sobre o texto. A narrativa deverá ser linear (começo, meio e fim), de um acontecimento simples. As personagens podem ser reais ou simbólicas, mas com traços de personalidades bem definidos. A história deve estimulara a imaginação, a criatividade, a emoção, a inteligência, o pensar, o sentir… Os contos e as fábulas são bem apreciados pelos leitores iniciantes.
Leitor em processo (8 e 9 anos) A criança domina a leitura, a interpretação de texto, enfim todo o mecanismo da linguagem. Questionam muito e sempre querem conhecer mais. Lógico que o adulto ainda precisa motivá-lo à leitura e desenvolver atividades pós-leitura para um melhor aproveitamento e aprofundamento.
A narrativa deve ser também linear (princípio, meio e fim), mas com um conflito que precisa ser solucionado até o final. Realismo ou imaginário ainda são bem interessantes nessa fase. As imagens precisam sempre conversar com o texto. As narrativas mais interessantes são as lendas, as fábulas e os contos.
Leitor fluente (10 e 11 anos) O domínio da leitura já está consolidado. As capacidades de reflexão e concentração estão bem desenvolvidas. Nessa fase, já não querem muito a interferência do adulto. Acabam tendo suas preferências de leituras, mas se isso não ocorrer um empurrãozinho é fundamental para escolhas assertivas.
Nos livros dessa fase, as imagens podem ser indispensáveis, pois o verbal começa a valer por si. Os heróis e heroínas predominam. A linguagem passa a ser mais elaborada. Os gêneros narrativos mais interessantes são: as crônicas, as novelas, os romances, enfim as aventuras. Essas narrativas podem retratar o cotidiano de nossa realidade como o mágico, o maravilhoso, o fantástico ou o absurdo de algumas histórias com lugar para o amor.
Leitor crítico (12 e 13 anos) Fase de total domínio da linguagem oral e escrita, capacidade de reflexão e o despertar da consciência crítica. É uma fase de conhecimento total do mundo que o cerca. O adolescente já sabe o estilo que quer ler.
O livro precisa responder a todas as curiosidades a que se propõe a narrativa. Ilustrações são desnecessárias, mas se houver, é só para a complementação do contexto da obra. O adolescente adquiriu o domínio da leitura e assim se tornará um adulto leitor ávido por bons livros e muita reflexão.
Referências bibliográficas:
COELHO, Nelly Novaes. Literatura Infantil: teoria, análise, didática. 1.ed. São Paulo: Moderna, 2000.
ZILBERMAN, Regina. A Literatura Infantil na Escola. 11.ed. São Paulo: Global, 2003.
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