A Bela Adormecida em versos
Beth Cury
Era uma vez… um rei e uma rainha.
– O que vem por aí?
– O que acontece nesta história?
Pois vou contar o que tenho na memória:
Rei e rainha queriam muito um filho
ou filha.
Queriam muito, muito, muito…
A rainha já tinha ouvido
de uma rã, num lago, –
e isso não foi imaginado –
tinha ouvido, sim, uma previsão,
que emoção!
Essa previsão foi concretizada.
Que felicidade!!!
Nasceu ao casal real
uma filha – muito amada.
Tamanho o contentamento
que o rei ofereceu um banquete
pra comemorar o momento.
Vieram parentes, amigos, conhecidos.
Vieram também as fadas
do reino.
O lugar delas era especial.
Vieram todas, menos uma
não convidada..
É que no reino
não tinha prato de ouro pra todas:
eram treze
e os pratos, doze.
A festa estava andando,
as fadas presenteando
a princesinha, tão linda,
com dons fenomenais:
virtude, beleza sobre beleza, fortuna…
Quando a última fada
daria o presente,
entra na sala a ausente.
Grita, vocifera.
Ela também daria um presente:
– Quando esta princesa
fizer quinze anos,
terão uma surpresa.
Ela se espetará numa roca.
Num dedo, num fuso,
ela fará um furo
e morrerá.
Jogou sua maldição
e sumiu na escuridão.
Porém, a última fada
não dera ainda presente.
Vendo um tal quadro
tão de repente
não podendo a praga anular
resolve tanto peso aliviar.
No dedo, num fuso,
ela fará um furo,
mas não morrerá –
por cem anos dormirá.
O rei, temeroso,
mandou queimar
toda e qualquer roca e seu fuso
que houvesse por lá.
O tempo passou.
A princesa estava ainda mais linda,
era beleza pura, era o esplendor!
E o dia dos quinze anos chegou.
Dia de festa na corte.
Rei e rainha ocupados
saíram.
A princesa sozinha
curiosa
quis o palácio explorar.
Quarto por quarto
pra ver o que ia encontrar.
Ouviu um ruído
num cômodo.
Nunca ouvira nada igual.
Viu uma velhinha
– era a fada malvada –
estava ela numa roca linho a fiar.
A menina, que de nada sabia,
quis experimentar.
A maldição se cumpriu:
a princesa seu dedo no fuso feriu.
Foi um instante
e a princesa dormiu.
Rei e rainha chegavam
na maldição mergulhavam.
No palácio um a um
todos, sem exceção, adormeciam.
Assim ficaram
cem anos dormindo.
Em torno do palácio
Uma cerca de espinhos subindo.
Corria a história:
uma princesa
tão bela, adormecida.
Príncipes diversos
quiseram libertar Sua Alteza,
rompendo a cerca de espinhos.
– que malvadeza!
Não só não romperam
até mesmo morreram.
Um dia, fazia cem anos,
um príncipe, sabendo da história,
quis tentar
a tal cerca ultrapassar.
Era mágica essa cerca.
Conforme rompia os espinhos à espada
rosas vermelhas caíam
desabrochadas.
Cômodo a cômodo
procurou a princesa.
Deslumbrou-se ao vê-la.
Beijou-a
e assim despertou-a
do longo sono
do encanto.
Olhos nos olhos
nasceu a paixão.
Foi imediato:
um a um do sono profundo todos voltaram.
Rei e rainha se deslumbraram
ao ver príncipe e princesa, juntinhos, unidos:
as mãos entrelaçadas
brilho nos olhos
corações apaixonados.
Fez-se o casamento
de Rosa de Urze e seu par
com toda a pompa
que se possa imaginar.
A alegria de todos voltou a reinar
entre rosas vermelhas
e perfume no ar.