Rapunzel em versos
Beth Cury
Era uma vez…um casal
como muitos outros.
Em tudo igual.
Tinham um grande desejo:
Filhos, ter filhos, se tivessem o ensejo.
Um dia, alcançaram essa graça –
– Um bebê a caminho!
O marido, com todo o carinho,
Não há desejo que não satisfaça.
A vizinha, até então desconhecida,
Mantinha uma horta, viçosa.
Canteiros de flores também,
mas, a horta…
verduras verdinhas, tomates vermelhinhos,
os repolhos… repolhudos.
E os rabanetes?…
Foram eles, os rabanetes,
que a futura mamãe cobiçou.
O marido, que lhe satisfazia os desejos,
nem piscou.
Entrou na horta, à noite,
e rabanetes surrupiou.
Uma vez, duas vezes, três vezes…
Muitas, muitas vezes,
rabanetes ele na horta colheu.
A vizinha era uma bruxa –
ninguém sabia.
Notou falhas, covas vazias.
Alguém ali mexia.
Ficou à espreita
uma noite,
duas noites.
Pegou-o, afinal, desta feita.
Ele explicou
mas não teve jeito e…
com um trato, a questão se fechou.
Quando o bebê nascesse
seria entregue a ela.
Quem duvidaria que ela não merecesse?
Uma menina, afinal, nasceu!
Rapunzel, o seu nome.
Não teve soluços, nem lágrimas,
a menina à bruxa foi dada.
Que fez a malvada?
Que maldade não lhe faltava!….
Trancou a menina, linda,
numa torre bem alta
longe de tudo
longe de todos.
E lá de cima a menina via
o mundo dela distante.
Só ouvia:
– Rapunzel, jogue as tranças!…
E lá subia, a malvada bruxa,
sempre…
sempre….
Até que um dia
o filho do rei,
que por ali passeava,
ouviu um canto, triste,
que da torre ecoava.
De repente, ouve:
– Jogue as tranças, Rapunzel!…
E vê a bruxa subir.
Pra ele, aquelas palavras
mesmo que receita de magia.