João e o Pé de Feijão em versos
Beth Cury
-Trump! Trump! Trump!
…………………………………
Fi-feu-fo-fum… Fi-feu-fo-fum…
Fi-feu-fo-fum…
Guarde esses sons, Crianças,
Vêm por aí emoções, segurem seus corações.
Era uma vez…
uma pobre viúva e seu filho chamado João.
Era mesmo uma vez.
Esta história é única.
Só ele mesmo, o João,
podia crer
em magia de feijão.
Foi assim:
Mãe e filho, o que tinham de seu?
– Uma vaquinha, a Leitosa,
Querida, pachorrenta, bondosa.
Leite, tinham todo dia
até que esse leite secou
um dia.
– Que fazer?
Somente vender
a vaquinha na feira
pra voltar
com algum dinheiro na algibeira.
Lá vai João,
a Leitosa por uma corda
estrada afora.
Não demorou
no ar ecoou:
– Bom dia, João!
– Quem é? Quem sabe o meu nome?
– Aonde vai, menino?
– Vou à feira, vender a Leitosa
– que lástima –
e tenho de chegar ligeiro.
– Pois eu troco pra você sem demora
a vaquinha por feijões
– MÁGICOS – agora!
– Mágicos? Quero, sim, eu troco.
Lá se foram estrada afora
o velhinho, atrás a vaquinha.
João retornou
feliz
pelo grande negócio.
A mãe, ao vê-lo,
tão cedo,
sem a Leitosa,
perguntou:
– Vendeu? Quanto apurou?
– Não, mãe, veja o que aconteceu:
troquei por estes feijões –
são MÁGICOS!
– Seu tolo!!!
Ralhou logo a mãe.
– Você acreditou nessa bobagem!…
– Pois vá dormir
já
e sem comer!
Jogou janela afora cada feijão.
João rolou, rolou,
demorou a dormir,
a fome incomodou.
De manhã, ao acordar,
viu – o cenário mudara:
uma sombra verde na janela.
O que era?
Um enorme pé de feijão
subia
entre as nuvens se ia.
O menino não resistiu.
Subiu.
Nas nuvens mergulhou.
O que encontrou?
Uma estrada – de nuvens também.
Lá longe estava
grande, alta, uma casa,
ou melhor, um castelo.
Na porta, uma mulher.
ela também, bem grande, bem alta.
– Bom dia, Senhora! Estou faminto.
– Verdade, menino?
– Verdade, não minto.
– Tome seu café e cuidado –
se o Grandalhão chegar,
você em café pode se transformar.
De repente, antes mesmo
de o menino acabar:
– Trump… Trump… Trump…
Com pena do garoto
Rápido, a mulher escondeu-o no forno.
Hora do café do Grandão.
Farejou o ar:
– Hum! Cheiro bom!
Fi-feu-fo-fum
farejo o sangue de um inglês,
esteja ele vivo, esteja morto,
vou raspar-lhe os ossos,
vou comer com pão!
Grandão tomou café.
Depois,
contou moedas de ouro até…
Grandão saiu da cozinha.
O menino não cochilou,
recolheu as moedas rapidinho.
Alcançou o pé de feijão,
por ele desceu,
deslizou.
Soltou os sacos de ouro.
Até que
no chão o menino aterrissou,
no seu quintal
forrado de ouro.
Fenomenal!
– Viu, mãe, que feijões?!
Eram mágicos, de fato.
Filho e Mãe,
Mãe e Filho
viveram desse ouro –
casa arrumada,
nada faltava.
Até que o dinheiro acabou.
Num belo dia de sol,
João resolveu arriscar:
subir de novo
mais tesouros ir buscar.
Tudo de novo:
nuvens,
caminho de nuvens
castelão.
Entrou, com cuidado.
Tomava café e falava à mulher
das moedas de ouro – ela queria saber.
Eis que:
– Trump! … Trump!… Trump!…
Tudo começou a tremer.
– Hum! Cheiro bom!
Fi-feu-fo-fum
farejo o sangue de um inglês,
esteja ele vivo, esteja morto,
vou raspar-lhe os ossos,
vou comer com pão!
João escondeu-se.
Desta vez, num pote de farinha.
Viu, por uma frestinha da tampa,
o Grandão, com a galinha,
a dos ovos de ouro,
que de ouro o abastecia.
Ovo e mais ovo, e mais ovo e mais ovo.
Quanto ovo! Quanto ouro!
Até que o Grandão adormeceu.
João, de novo, não cochilou,
bem de fininho
a galinha agarrou.
Correu,
a galinha cacarejou.
O Gigante, que acordou,
Quis saber:
– O que aconteceu?
A mulher nada viu.
Foi o que respondeu.
João e o pé de feijão:
desceu,
escorregou.
A galinha dos ovos de ouro nas mãos da Mãe entregou.
Mas João
outra vez ainda
quis voltar.
De novo
tudo igual:
a subida
as nuvens
o castelo
o Gigante:
ele sente
fareja o ar:
– Hum! Cheiro bom!
Fi-feu-fo-fum
farejo o sangue de um inglês,
esteja ele vivo, esteja morto,
vou raspar-lhe os ossos,
vou comer com pão!
– Deve ser o cheiro do menino que almocei ontem.
Quis ouvir sua harpa dourada:
– Toca, harpa!
E a harpa tocou,
tão maviosa
que o Grandão, de novo, dormiu.
E roncou, de o chão estremecer,
parecia um leão a rugir.
João correu,
a harpa agarrou.
Fugia com ela, mas ela gritou:
– Senhor, Senhor!
O Ogro viu, então, o menino
a correr.
Quis alcançá-lo;
Enquanto o Gigante hesitava,
Ágil ele fugia.
João chegou, mais essa harpa de ouro à Mãe entregou.
Pediu o machado.
Abaixo, em instantes, o pé de feijão,
agora pela mãe abençoado.
Do Gigante – que comia crianças –
ninguém sabe,
ninguém viu.
Só se sabe que o pé de feijão,
com grande estrondo,caiu.
João e a Mãe
de casa arrumada
com brilho de ouro pra todo lado.
Viveram pra sempre sem faltar mais nada.