26jan
2021
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Casamento da Narizinho

O Príncipe Escamado ficou muito triste depois que Narizinho partiu do Reino das Águas Claras. Ele emagreceu, as escamas ficaram fininhas… enfim, inúmeros sintomas e todos estavam preocupados, principalmente o Dr. Caramujo. Nada, nem ninguém o alegrava. Depois de examinado clinicamente, o Doutor deu o diagnóstico – narizinho–arrebitadite e o único remédio é – casamento.

Depois de conversar com a corte, o Dr. Caramujo e os demais membros da corte resolveram chamar Dona Lula, escrevente do mar, para enviar uma carta, pedindo a mão de Narizinho ao Príncipe. A carta deveria ser levada à beira do ribeirão do sítio.

Assim que os peixinhos chegaram ao ribeirão com a carta, Pedrinho apareceu para pescar. Estava tão distraído para colocar rapidamente a vara com a isca no ribeirão que nem percebeu que havia uma concha estranha. Imediatamente viu uma carta para Lúcia.

Pedrinho saiu correndo com a carta para a prima e, assim que ela leu a mensagem com o pedido de casamento, logo disse:

– Sim!

A resposta chegou ao reino das Águas Claras. Quando o Príncipe leu a resposta, quase desmaiou de tanta felicidade, apesar de ser a carta mais curta do mundo com apenas três letras e um ponto de exclamação – SIM!

Houve grande troca de cartas entre o Príncipe Escamado e Narizinho, os peixinhos escoteiros tiveram muito trabalho. Eram presentes pra cá – pérolas, e pra lá – flores, grilinhos, rosquinhas… e muito mais. Quando a rosquinha chegou, o Príncipe encantou-se tanto que decidiu que ela seria sua coroa real.

Chegou o dia da partida para o Reino das Águas Claras. Todos prontos, com roupas novas. Até Rabicó foi, pois, afinal de contas, é marido de Emília e não pegaria bem ela aparecer na festa sozinha.

Assim que o coche real apareceu, quase todos entraram, faltava o Marquês, mas entrou rapidamente, pois Pedrinho, já sem paciência, deu uma estilingada na orelha do leitão. O mestre Camarão fez os hipocampos galoparem.

O caminho que eles seguiram era deslumbrante. Florestas de corais, de esponja…

Todos no fundo do mar, encantadíssimos com as belezas. No portal, o Príncipe Escamado à espera dos convidados. Acomodou-os nos aposentos do palácio para descansarem da viagem, mas não quiseram. Pedrinho queria aventuras e preferiu passear. Já as meninas estavam preocupadas com os trajes e foram ver Dona Aranha, a estilista.

Pedrinho e Rabicó foram explorar o fundo do mar e encontraram um navio naufragado. Rabicó queria saber onde era a cozinha e se distanciou. Nesse momento foi aprisionado por um polvo. Várias e várias tentativas foram feitas para tentar soltar o Rabicó das garras do animal marinho e nada… continuaram tentando, tentando…

Enquanto os meninos tentavam se desvencilhar dos tentáculos do polvo, as meninas escolhiam os vestidos.

Dona Aranha mostrou um vestido da cor do mar, enfeitado com peixinhos que não ficavam parados, nadavam na cor do mar. Era tão lindo que Narizinho precisou sentar-se para não cair e pôs-se a chorar de tanta emoção.

Emília, como era curiosa demais, queria saber como Dona Aranha fazia tudo aquilo, ao que a estilista respondeu:

– Corto o tecido com a tesoura da imaginação, costuro com a agulha da fantasia e a linha do sonho.

De repente, a porta do ateliê se abriu, era o Príncipe assustado e preocupado com a tragédia que estava acontecendo com os meninos: o Rabicó preso por um polvo e o medo de ser devorado. Mas o Príncipe enviara ajuda de seus súditos.

As tropas do Príncipe chegaram e os caranguejos deram um jeito no polvo, libertando Rabicó. Sem querer, um siri agarrou o mini rabinho do leitão e não soltava mais. Saíram correndo, uma vez que a cerimônia de casamento já estava começando.

Todos assistindo ao deslumbrante casamento de Narizinho. Emília concretizando seu sonho, madrinha com vestido de cauda.

O Príncipe e a Princesa Narizinho felizes até o momento da coroação, que não ocorreu porque a coroa, aquela rosquinha, dada por Narizinho e depois cravejada de diamantes pela corte, sumira!

O Príncipe ficou enfurecido pelo sumiço daquele bem tão precioso, a rosquinha que ganhara da   amada, Narizinho. A fúria era tamanha que todos partiram, inclusive o pessoal do sítio.

Apenas Emília viu como a coroa sumira. O comilão de seu marido não se conteve, devorou a rosquinha com diamantes, e assim, acabou com toda a festa…

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Conheça a releitura desse livro:

Galeria de Espelhos do Palácio de Versalhes

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