O Mágico de Oz em Doce
Dorothy, uma menina cheia de vida, vivia nas pradarias cinzentas do Kansas com dois pobres fazendeiros: o tio Henry e a tia Em, em uma casa de apenas um cômodo, muito pequena.
O local era realmente cinzento, com pouquíssima vida, o mínimo necessário para a sobrevivência e quase nada de vegetação. Tudo muito difícil. O único elemento que não deixava Dorothy ficar também cinza era o Totó, um cachorrinho preto. Eram inseparáveis!
Havia outros animais que eles criavam, poucos, apenas para ajudá-los a se locomover e se alimentar, pois tudo lá era muito complicado. Moravam longe de tudo.
E tudo era sem cor!
A casa em que viviam os três e o cachorrinho Totó era um único espaço, bem simples, pois ficava muito caro trazer madeira para a construção de mais cômodos. Nesse espaço, ficavam dispostos os móveis necessários: duas camas em cantos opostos, um fogão velho, um armário para guardar pratos, canecas, uma mesa e banquinhos. Tudo extremamente básico, mas bem arrumado.
Nesse recinto, havia um buraco no chão, que eles chamavam de porão de ciclone. Kansas tinha muitas tempestades e eles tinham essa parte inferior como abrigo.
Num dia excessivamente cinzento, em que se confundia chão, casa, tios, nuvens e céu, o tio Henry ouviu bem ao longe:
U-u-u-u-u-u-u-u-u… observou melhor, percebeu que não era só vento e imediatamente gritou:
– Vamos correndo para o buraco, tem um ciclone se aproximando! Não há tempo para nada!
Vu-vu-vu-vu-vu-vu…
VU-VU-VU-VU… cada vez mais alto e bem próximo.
Dorothy atrasou-se, pois Totó estava com medo e acabou se escondendo. Não deu tempo de os dois se abrigarem no buraco, só os tios. A casa começou a sair do chão!… A menina e o cão ficaram assustados – a pequena moradia flutuava, rodopiava, rodopiava… acabou no topo do ciclone. Provavelmente ficaram no olho do furacão, devido ao silêncio e tranquilidade percebidos. Os dois não sabiam o que estava acontecendo. Demorou tanto tempo, que a menina e o cãozinho adormeceram de tamanho medo que sentiram.
Só acordaram com o solavanco da casa pousando no chão.
KABRUUUMMMM!
Depois do susto, olharam pela janela e não acreditavam no que estavam observando, um colorido encantador: árvores floridas e com muitas frutas, pássaros, riacho e muito verde. Cores para todos os lados.
Perceberam que a casinha estava a salvo num lugar incrível. Foram conferir.
Saíram da casa e ficaram extasiados com as cores ao redor.
De repente, apareceram homenzinhos pequenos e idosos todos vestidos de azul, inclusive chapéus com bico e uma senhora vestida de branco também com chapéu. Todos cumprimentaram a menina, agradeceram por ela ter matado a Bruxa do Leste e consequentemente ter libertado os miudins, os azuizinhos da escravidão.
Dorothy, indignada, retrucou: “Eu não matei ninguém!”
Imediatamente a feiticeira apontou para um canto da casa e disse-lhe que aqueles sapatinhos prateados eram da Bruxa do Leste, destas terras em que a casa caiu. Em retribuição à ajuda dada aos anões azuis, vamos lhe dar os encantadores sapatos da feiticeira, já que ela desapareceu.
Dorothy contou a ela sua história, que a casa caíra acidentalmente sobre a bruxa, portanto não fizera mal nenhum a ninguém. Nas terras de onde vinha, não há bruxas, feiticeiras, mágicos… nada. A única coisa que ela queria, era voltar para sua terra, embora sem cor, e rever seus tios, que deveriam estar muito preocupados com a sua ausência.
A Bruxa do Bem disse-lhe que só as feiticeiras usavam branco e a menina tinha branco em sua roupa, portanto era também uma Bruxa do Bem. Infelizmente não tinha poderes para mandá-la de volta ao Kansas, mas o Mágico de Oz tinha muitos e poderia ajudá-la. Para encontrar o mágico poderoso, bastava seguir a estrada colorida de ladrilhos amarelos.
Dorothy não quis perder tempo, imediatamente começou sua jornada, pois queria voltar para sua casa no Kansas. O que a alegrava muito eram todas as cores que decoravam o caminho.
– Preciso encontrar esse mágico? – pensou desesperadamente a garota.
A menina recapitulou mentalmente o que a Bruxa do Bem lhe informara: seguir a estrada dos ladrilhos amarelos para encontrar o mágico que morava na Cidade Esmeralda, no centro de Oz.
– Aqui onde estamos, Totó, é o Leste, a terra dos miudins, dos azuis. Existe o Norte, que é a terra da fadinha de branco com estrelinhas, o Sul é a terra dos fraquins, dos vermelhos. O Oeste é a terra da única bruxa má dos escravizados, dos mansins, os amarelos. Precisamos ter muita cautela em outras terras, pois tudo é perigoso. Falou Dorothy com seu cãozinho.
Por onde a menina passava, todos agradeciam por ela tê-los salvos da bruxa má. Caminhou muito e tudo era azul. O cansaço fez a menina parar para descansar. Era sempre acolhida pelos habitantes com muito carinho.
A viagem era muito longa, andava muito e parava para descansar e se alimentar. Numa dessas paradas, observou ao longe uma vista deslumbrante: verde e amarelo que se fundem e tornam-se azul.
A menina avistou um milharal a perder de vista e no meio uma sentinela para afugentar os pássaros invasores: um espantalho todo azul.
De repente, o espantalho piscou para ela, que não acreditou no que vira. Chegou mais perto e o Espantalho falava! Surpresa, ouviu todas as reclamações: que não aguentava mais ficar empoleirado, espantando corvos e mais corvos. Ele queria sair de lá e ser inteligente, ter cérebro em vez de palha.
A menina imediatamente o convidou para ir até o mágico para conseguir o que ele desejava. Ele aceitou a proposta. Com bastante cuidado, ela o retirou da estaca e foram juntos rumo à verdejante Cidade Esmeralda.
Caminharam sem parar, conversaram muito, cada um contou a sua história.
Dorothy comentou com o Espantalho sobre Oz: “ A Bruxa do Bem disse-me que agora só existe uma bruxa má, a do Oeste, mas nós não passaremos por lá. A fada que conversou comigo é do Norte e confirmou que a do Sul, Glinda, também é boa. Ela agradeceu a minha ajuda por ter matado a bruxa do mal. Mas não fiz nada, a casa coincidentemente caiu sobre a bruxa. Não sou feiticeira, como ela dissera para mim, só porque uso branco. Segundo ela, branco é a cor só usada pelas feiticeiras do Bem.”
– Espantalho, você sabe chegar a Oz? – perguntou Dorothy.
– Não, nunca saí do milharal. A minha vida era assustar as aves. Retrucou o Espantalho.
– Fui informada de que, para chegar a Oz, é preciso ter muito cuidado, pois entre as terras existem outras muito perigosas. Estou tranquila, pois recebi um beijo na testa da Bruxa do Bem e isso vai me garantir proteção.
Agora basta seguir a estrada de ladrilhos amarelos que nós chegaremos à Cidade Esmeralda.
Já tarde, passaram por árvores que se cruzavam na estrada fazendo um túnel verde das folhas se encontrando. Estavam exaustos. De repente avistaram ao longe um chalé. Foram até ele. Como não havia ninguém, então, passaram a noite lá.
Assim que o sol surgiu, saíram para retornar à longa jornada, quando observaram um Homem de Lata paralisado. Acharam estranho, foram até ele e perceberam que precisava de ajuda, pois a chuva o pegara de surpresa e não conseguia voltar para casa, pois suas engrenagens ficaram enferrujadas. Pediu que fossem à cabana pegar óleo para lubrificá-lo. Enquanto o óleo consertava sua carcaça, contou que fora humano, mas uma bruxa lhe lançara um feitiço e, cada vez que machucava alguma parte do corpo, não tinha como solucionar o problema e pedia, então, ao serralheiro para substituir o órgão afetado por lata. Foram tantos acidentes com o machado, já que era lenhador, que ele acabou ficando totalmente de lata. Essa aparência não o incomodava. Apenas queria ter um coração para se apaixonar novamente.
– Pronto! Com o óleo o Homem de Lata voltou a se mover. Estava tudo perfeito!
Dorothy agradeceu imensamente por passar a noite no chalé e comentou:
– Precisamos seguir viagem!
O Homem de Lata questionou:
– Para onde vocês vão?
– Vamos à Cidade Esmeralda para conversar com o mágico e conseguir algumas coisas dele: eu quero voltar para a minha terra, o Kansas, e ele quer um cérebro para se tornar inteligente.
Imediatamente o Homem de Lata questionou:
– Posso ir com vocês para pedir um coração? Será que consigo um?!
– Vamos tentar!!! – disse Dorothy.
E os quatro voltaram para a estrada de ladrilhos amarelos.
Eles caminhavam felizes, pois agora não estavam mais sozinhos, eles tinham um ao outro. Andaram muito, paravam para Dorothy se alimentar. Cansados e preocupados chegaram a uma mata totalmente fechada. Ouviam sons diferentes, ficaram apreensivos e cautelosos. Deveria ter muitos animais diferentes, pois ouviam sons diferenciados a todo instante. Caminhavam vagarosamente, olhando para todos os lados.
– GRRAURRR!
De repente um rugido estridente, ficaram paralisados, e um Leão saltou na frente deles.
– Vai atacar um cachorrinho indefeso, seu covarde?! – gritou Dorothy.
– Não!!! Realmente sou um covarde !!! – urrou o Leão.
A menina instintivamente tocara na ferida do Leão. Todos contaram suas histórias, seus anseios e o felino resolveu unir-se ao grupo para conseguir a sua valentia, pois se achava um covarde. Provavelmente seria útil ao grupo, pois seu rugido afugentaria intrusos.
A cesta de Dorothy estava vazia, pois havia consumido todo o alimento que trouxera para a jornada. O Espantalho inteligentemente pegou castanhas na mata e colocou-as na cesta. A caminhada foi muito longa, mas todos felizes contando seus segredos e aspirações durante a jornada.
Estavam saltitantes, brincavam o tempo todo, estavam juntos e contentes!
Nada foi tão fácil! Exatamente como dissera a Bruxa do Bem, que eles encontrariam perigos pelo caminho.
Depois de muito caminhar, foram obrigados a parar, pois havia um abismo na estrada. Abriu-se uma enorme cratera e não dava para ultrapassá-la para prosseguir na trilha de ladrilhos amarelos. Pensaram bastante e encontraram duas possibilidades: o Leão, que se dizia covarde, saltaria levando nas costas um de cada vez ou o lenhador cortaria uma árvore para servir de ponte e assim atravessariam. Nesse momento, ouviram sons estranhos, eram feras diferentes, os kaliferas (corpo de urso e cabeça de tigre). Tiveram que ser muito rápidos, então utilizaram as duas alternativas. Atravessaram da forma que puderam. O Espantalho, que segundo ele, não era inteligente, pediu para o lenhador de lata cortar a ponta da madeira, pois assim a tora cairia no abismo logo que a fera tentasse ultrapassar.
– Ufa !!! – todos expressaram-se aliviados, já do outro lado do abismo, sãos e salvos.
– Será que falta muito? Dorothy questionou, mas ninguém sabia a resposta.
A estrada continuava… Obstáculos e obstáculos eles tiveram de superar durante o longo percurso.
De repente sentiram um perfume delicioso! Começaram a observar cores, mais próximo, flores.
A menina ficou encantada com o colorido, afinal de contas, no Kansas tudo era cinza. Agora flores e flores vermelhas a perder de vista. Era um campo de papoulas vermelhas com um perfume inebriante. A menina, o Totó e o Leão adormeceram.
Passava por ali uma Rainha dos Ratinhos e os alertou do perigo que estavam correndo, pois a fragrância da papoula é mortal em excesso e não poderiam adormecer ali. Para tirar o Leão precisaram da ajuda de todos os ratinhos da colônia. Enquanto os ratos foram procurar cordas, o Homem de Lata e o Espantalho providenciaram um tipo de carroça para facilitar o deslocamento do Leão do venenoso campo de papoulas. Conseguiram levar o rei da selva e a menina para bem longe do perfume letal.
Ultrapassaram mais um obstáculo!
Cansados, mas muito cansados de tantos perigos pelos quais passaram, foram relembrando um a um e verificando a força que tinham juntos. Até que avistaram uma cidade toda verde. Faltava ainda um bom percurso, mas a imagem da Cidade Esmeralda encheu todos de muita animação e energia.
Pelo caminho eram flores de muitas cores e ao longe só o verde das esmeraldas.
Depois de muito caminhar, chegaram!
Ao chegar, conversaram com um guarda! Ele percebeu que a menina tinha sapatos prateados, o que foi definitivo para serem recebidos. Foram direto, sem perder tempo, conversar com o tal Mágico de Oz. A cidade era esplendorosa, toda verde de doces, balas… um primor, mas eram necessários óculos verdes para não ofuscar a visão.
Conseguiram falar com o Mágico de Oz, pois ele os atendeu devido aos sapatos prateados nos pés de Dorothy. O Mágico apresentou-se de formas diferentes e separadamente: para a menina, era uma imensa cabeça num trono verde; para o Espantalho, uma jovem de verde; para o Homem de Lata, era uma fera (mistura de elefante e rinoceronte) e para o Leão, era uma imensa bola de fogo. A única coisa que o Mágico falou e igual para todos foi o seguinte:
– Dorothy derrotou uma Bruxa do Mal, agora precisa acabar com a outra. Depois disso, voltem aqui, pois, aí sim, concretizarei seus desejos. Só dessa maneira, retornem aqui! Acabem com a Bruxa do Oeste, que fica onde o sol se põe! Acho bom irem bem rápido!
Sem alternativa, foram os cinco para o Oeste, temerosos, pois a bruxa era realmente malvada. A maligna tinha uma visão telescópica e enxergava muito longe. Observou que se aproximavam intrusos em seu território e enviou lobos, corvos, abelhas negras, seus escravos… nada deu certo.
Os cinco conseguiram se desvencilhar dos perigos. Os lobos foram destruídos pelo machado do lenhador. Os corvos, detonados pelo Espantalho. Quando as abelhas chegaram, só havia o Homem de Lata, pois a palha do Espantalho cobriu a menina, o cão e o Leão. Elas só puderam picar a lata, assim perdiam seus ferrões e consequentemente morriam.
A feiticeira má só tinha seus escravos, os mansins amarelinhos para enviar. Eles foram e receberam ordem de matar os cinco, mas bastou um: GRRAURRR! Esse rugido do Leão os assustou e correram desesperadamente sem obedecer às ordens da bruxa má.
A bruxa ensandecida só tinha uma solução: recorrer ao poder de uma boina dourada para chamar os Macacos Alados. Eles chegaram voando em bando e imediatamente pegaram o Homem de Lata e o jogaram nas pedras. Tiraram as palhas do Espantalho e as espalharam no alto das árvores juntamente com sua roupa.
Os alados levaram o Leão para ficar preso a uma árvore e servir à feiticeira. Já Dorothy, para se tornar mais uma escrava do castelo. Os Macacos atenderam ao último pedido a que a bruxa tinha direito.
Quando a bruxa viu os sapatos prateados de Dorothy, começou a tremer de medo, mas imediatamente percebeu que a menina era ingênua e não sabia o poder que tinha em seus pés.
– Com tanta ingenuidade, posso fazê-la minha escrava… para fazer todos os trabalhos domésticos: polir, lavar, varrer, lustrar… Além disso posso pegar esses sapatos poderosos. Pensou a bruxa do mal.
Mas ficou bem difícil, pois a menina só tirava os sapatos para tomar banho e para dormir. Duas coisas que a bruxa repudiava: água e escuridão. A bruxa morria de medo de água, por isso vivia com um guarda-chuva na mão e aproveitava para bater nas pessoas com ele. Nem pensar nesses momentos para roubar os sapatos: os medos não a deixavam fazer nada.
Ela queria o poder dos sapatinhos, pois perdera os poderes da boina, precisava fazer algo…
A bruxa astuta enganou a menina que tropeçou em algo que a malvada colocara propositadamente. A menina caiu e um sapato saiu do pé. Nesse momento, a bruxa o pegou e não quis devolvê-lo. A menina implorou várias vezes para a bruxa, sem ser atendida. A garota só tinha esse calçado. Ela ficou tão irritada que jogou sobre a bruxa o que tinha nas mãos. Mas a menina não sabia do poder disso: um balde cheio de água. A bruxa, no mesmo instante, começou a encolher, encolher e a derreter como açúcar, pois a água para ela era a morte.
A menina resgatou seu amigo: o Leão. Os mansins ficaram felizes, pois não eram mais escravos da Bruxa do Oeste. Em retribuição, o povo ajudou resgatando o Homem de Lata e recolhendo toda a palha do Espantalho. Eles refizeram os dois: um foi desamassado e o outro foi preenchido com palhas novas. Dorothy achou a boina dourada bem interessante e pegou-a, sem saber que tinha o poder de três desejos realizados pelos Macacos Alados.
Partiram do castelo amarelo rapidamente para avisar o mágico que a bruxa tinha sido destruída. Não sabiam como voltar. Estavam na direção oposta, mas encontraram novamente a Rainha dos Ratos Campestres que os avisou sobre a direção correta, porém era uma enorme distância e seria melhor pedir ajuda aos Macacos Alados, já que ela estava com o poder da boina, que dava direito a três pedidos a esses macacos voadores.
Em dois tempos, com a ajuda dos Macacos Alados, chegaram à Cidade Esmeraldas. Dessa vez, o Mágico demorou muito para atendê-los. Cansados de esperar, mandaram avisar o mágico que chamariam os Macacos Alados para os auxiliarem. Como num passe de mágica, o Mágico de Oz resolveu recebê-los imediatamente, com muito medo dos voadores.
Cada um esperava o Mágico de maneira diferente como da vez anterior, mas dessa, não havia ninguém, apenas o som de sua voz poderosa e solene.
Dorothy perguntou:
– Onde você está?
– Em todos os lugares. Sou invisível! – respondeu a voz retumbante.
– Viemos cobrar a promessa!
Ele retrucou sonoramente: “Que promessa?!”
Nesse momento, cada um repetiu seu pedido: voltar para o Kansas, ter um cérebro e ser inteligente, ter um coração para amar, e ter coragem.
O feiticeiro pediu que voltassem no dia seguinte, pois precisaria pensar.
Ficaram tão decepcionados que o Leão resolveu assustar o mágico com seu rugido – GRRAURRR!
Foi tão tenebroso que Totó não esperava, assustou-se, deu um pulo para trás e derrubou parte do biombo que havia na sala. Atrás do biombo, estava um velhinho careca de túnica verde com um megafone para aumentar consideravelmente a potência de sua voz.
– Quem é você?! – questionou a garota.
Ele respondeu:
– Eu sou o terrível Mágico de Oz!
Dorothy inconformada questionou:
– Era tudo faz de conta! Não acredito! Você é uma farsa! Acreditamos em você! Fizemos o que pediu! Como vamos conseguir nossos desejos: voltar para casa, um cérebro, um coração e a coragem de volta? Como pôde nos enganar dessa maneira?! Que decepção!
– Pensei que nunca seria descoberto. Era ventríloquo, trabalhava num circo, depois tornei-me balonista. Morava em Omaha, próximo ao Kansas. Certo dia subi no balão e não consegui descer. Só consegui descer tempos depois em uma terra estranha, com gente achando que eu era um mágico por ter vindo do céu. E eu não desmenti a história. Pedi que construíssem uma cidade e a chamei de Esmeralda. Para ficar melhor pedi que todos usassem óculos verde. E assim aconteceu. Estive aqui durante anos, sem ninguém desconfiar de nada, pois fiquei totalmente isolado. Confessou o mágico farsante.
Mas o Mágico pensou muito e resolveu cumprir as promessas feitas. Encheu a cabeça do Espantalho com ondas cereais, pois na verdade ele já tinha inteligência, já que é a experiência que gera conhecimento. E o Espantalho se sentiu completamente inteligente. Fez um coração de seda e o colocou no lugar para o lenhador de lata e ele voltou a ser sensível e amável como sempre fora. Pediu para o Leão beber um líquido que seria a coragem, uma vez que já era corajoso. Todos ficaram satisfeitos com a farsa de Oz, fazendo os três acreditarem que tinham conseguido seus desejos, que eles ignoravam, mas sempre estiveram com eles.
E quanto a Dorothy?
Costuraram um balão de gás, fizeram uma fogueira para enchê-lo de ar quente. Iriam embora para o Kansas nesse balão. Enfim ela voltaria para seu lar. No exato momento, em que a menina deveria subir ao balão, Totó resolveu fugir e ela foi atrás dele. Outra vez o cãozinho atrapalhou a garota, pois o balão se desprendeu das amarras e flutuou. Ela perdeu a oportunidade de voltar ao Kansas com o falso Mágico de Oz.
Restara uma única alternativa para Dorothy: a Bruxa do Sul – a Glinda. Ela talvez pudesse ajudá-la a voltar para o Kansas, para os seus tios.
Todos resolveram ajudar Dorothy e foram com ela até a Terra dos Fraquins – terras vermelhas.
Depois de um tempo, chegaram ao palácio vermelho de Glinda. Sua guarda os recebeu calorosamente e os levou para a Bruxa do Bem, que é uma linda feiticeira de cabelos vermelhos, olhos azuis e, como todas as bruxas do bem, vestia branco.
Dorothy contou-lhe toda a história: “Encontros, desencontros, as maravilhosas aventuras que juntos compartilharam. Agora o sábio Espantalho ficará no lugar do mágico para governar a Cidade Esmeralda a pedido do Mágico de Oz. O Homem de Lata vai governar os amarelados mansins com sabedoria e bondade. O Leão governará os animais na floresta com astúcia e coragem. E eu não consigo voltar para o Kansas, perdi a única oportunidade que tive: o balão do mágico.”
Glinda ouviu atentamente todos os relatos, observou os sapatinhos prateados e sugeriu:
– Vamos ao jardim para conversarmos em meio à natureza.
No jardim, próximos à árvore favorita de Glinda, ela calmamente se expressa: “Você, Dorothy, tinha o poder de voltar para casa em seus pés. Esses sapatos têm poderes incríveis! Podem te levar a qualquer lugar. Basta bater três vezes os calcanhares e dizer aonde quer ir. Ainda bem que você não descobriu lá no começo da jornada, pois não teria encontrado tantos amigos e não os teria ajudado a serem mais felizes.
– Eu não teria cérebro e ficaria espetado no milharal a vida toda, disse o Espantalho.
– Eu seria um monte de lata sem vida, enferrujada, indagou o Homem de Lata.
– Eu seria uma eterno covarde, disse o Leão.
A menina se despediu dos grandes amigos que fizera durante a jornada na colorida Oz. Ganhou outro beijo da Bruxa Vermelha do Bem. Pegou o Totó, bateu os sapatinhos e disse:
– Adeus, amigos! Governem com sabedoria na Terra de Oz!
E todos retornaram para seus lares felizes da vida! O Espantalho governando a verde Cidade Esmeralda, o Homem de Lata, a terra amarela e o Leão, a floresta colorida. Todos satisfeitos com seus reinos coloridos. E… apesar do Kansas não ter muita cor, pois lá tudo era cinza, Dorothy voltou com as cores em seu coração, feliz da vida por retornar para seus tios.
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